Tem dreads no cabelo, não por opção
Na roupa em trapos, uma fenda, podridão
Corpo negro, a pele? Não.
Mas a sujeira que encobre da tez a mão.
Cambaleia por entre ressaltos
Caminhantes temem assalto
O gesto assusta, não houve resvalo.
Na fome, esperança
A mão estendida ao outro que avança
A cada pedido, falta bonança.
No canto, sarjeta, um pano no chão
No corpo em descanso, ilusão é o colchão
Vide sonhos, banquete, mansão.
Prato vazio, sede em questão
Perdeu-se no tempo e na solidão.