Nas trincheiras rolantes, aos milhares
Amontoam-se, atropelam-se e quase caem
Na correria do tempo, vendem suas horas em fases
Noites, manhãs, tardes.
Distinguir-se no amontoado, impossível
O que sou nesse todo? Dúvida plausível
Indescritível, porém verossímil
Das que se esmeram, há aquelas que não se desesperam
Nos olhos cegos à mão estendida
Uma imagem refletida
Do tempo vendido, há um tempo não esquecido
Momento de devoção ao clamor de uma oração
No bolo de gente que se comprime num vagão
A fé inabalada, demonstrada até mesmo numa estação
Os lábios trêmulos a ofertar, abre os olhos segue a andar
Já doei meu tempo ao orar.